Comet, o jato que mudou a aviação comercial

A aviação a jato como a conhecemos hoje, segura e eficiente, deve-se a grandes homens e máquinas construídas e aperfeiçoadas a partir dos seus erros e muitas vezes às custas de muitas vidas.

De Havilland Comet, ou simplesmente Comet, de origem inglesa, foi o primeiro avião comercial propulsionado por motores a jato fabricado no mundo. Com quatro reatores embaixo de suas asas, começou a operar em 1952 pela companhia aérea inglesa BOAC.

Em termos, foi um grande sucesso, pois voava com o dobro da velocidade dos seus concorrentes da época, porém, com seu um enorme consumo de combustível, suas rotas eram curtas.

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A história da aeronave, contudo, não foi marcada apenas por êxitos. Inesperadamente, em janeiro de 1954, um Comet que havia decolado de Roma se desintegrou enquanto sobrevoava o mar, matando todos os seus trinta e cinco ocupantes.

Os voos foram suspensos por algum tempo, mas assim que retomados, outra aeronave se despedaçou em pleno ar, novamente matando todos os ocupantes.

Navios de salvamento da Marinha Real Britânica foram enviados ao local do primeiro acidente para resgatar as peças da aeronave que estavam submersas, já que o segundo acidente aconteceu sobre águas profundas, resgatando mais da metade das peças.

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Os destroços foram enviados a Farnborough (Inglaterra), onde o Comet acidentado foi cuidadosamente remontado, utilizando-se peças novas no lugar das que não foram resgatadas do avião acidentado. Era o início de um processo minucioso de investigação, que iria revelar causas até então desconhecidos para a época.

Até então, a maioria dos aviões da época voavam a baixas altitudes, onde a pressão atmosférica era semelhante à da superfície terrestre. Porém, os aviões a jato necessitam voar a uma altitude muito grande para evitar turbulências e tempestades, onde a pressão atmosférica é mínima.

Como o organismo humano não é capaz de se manter consciente a partir de baixas pressões, as aeronaves a jato precisariam dispor de um sistema cuja pressão interna fosse maior que a pressão do lado de fora.

Descobriu-se finalmente que os projetistas não tinham preparado a estrutura para ser usada com essa diferença de pressão, logo, as aeronaves eram verdadeiras “bombas” voadoras. Bastou uma rachadura no teto do primeiro Comet acidentado para que ele se desintegrasse em pleno voo.

No caso do Comet resgatado do fundo do mar, a rachadura havia se iniciado onde a superfície metálica fora cortada para a instalação de uma antena de ADF. Também as janelas dos primeiros Comet eram quadradas, o que criava pontos de tensão nas extremidades.

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É por isso que, a partir dessas tragédias, as aeronaves passaram a ter janelas redondas e ovais, com o propósito de diminuir a tensão, e consequentemente, a fadiga metálica.

Sua história foi breve, como a de um cometa que risca os céus de um observador atento: o De Havilland Comet permitiu, a partir de suas tragédias, saltos tecnológicos que permitem que hoje milhões de pessoas voem com tranquilidade em todas as partes do mundo.

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