O ano de 2014, infelizmente, não vem sendo um bom ano para a aviação civil. Inúmeros acidentes e desaparecimentos, envolvendo grande número de vítimas, causados por intempéries ou falhas humanas, marcaram os noticiários mundo afora.
Porém, uma das tragédias mais chocantes ocorreu no dia 17 de julho, durante o voo MH17 da Malaysia Airlines, que foi derrubado por um míssil no leste da Ucrânia, região ocupada por separatistas pró-russos. O episódio causou a morte de mais de 200 pessoas.
No entanto, essa não foi a primeira vez que um avião comercial foi abatido e infelizmente, muitos voos passam regularmente por áreas de conflito. As empresas aéreas só evitam alguns países mais problemáticos – como Síria, Coréia do Norte e Somália – mas a rota pela Ucrânia era bastante usada até o dia do incidente.
Muitos se manifestaram, pedindo por uma defesa melhor em aviões comerciais. Mas é mesmo possível proteger aviões civis contra armas de nível militar?
Tecnicamente, não é muito difícil adicionar um sistema de aviso de radar em um avião, para o piloto desviar um míssil guiado por radar. Várias empresas de defesa e governos já desenvolveram alguns sistemas. O Sky Shield, de autoria do governo de Israel, é um exemplo.
Baseado no uso de lasers para confundir os buscadores de calor (com localização passiva), ele emite luzes que guiam o míssil para longe do avião, antes que seu fusível de proximidade seja ativado. No entanto, este sistema não combate ameaças que usam radar – como o míssil Buk, que provavelmente derrubou o avião da Malaysia Airlines. Além disso, o Sky Shield custa US$ 1 milhão por avião – algo excepcionalmente caro.
Já o Northrop Grumman Guardian, desenvolvido em 2003, também defende contra mísseis de curto alcance guiados por calor. O sistema foi inclusive aprovado pela Federal American Aviation(FAA) para uso a bordo do Boeing 747, e dos modelos McDonnell Douglas DC-10/MD-10 e McDonnell Douglas MD-11, todos comumente usados como aviões de carga e de passageiros.
Também há o Flight Guard, da israelense Elta Systems, que dispara sinalizadores civis em vez de feixes de laser. No entanto, ele também é projetado para se defender contra ataques de MANPAD (sigla para “defesa aérea portátil por homem”) após a decolagem e pouso, em vez de mísseis supersônicos em altitude de cruzeiro.
Estima-se que só os EUA tenham gasto cerca de US$ 240 milhões na última década para criar sistemas aéreos contra MANPADs. No entanto, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) calcula que equipar todos os aviões com esta tecnologia custaria até US$ 43 bilhões e levaria duas décadas – e os aviões ainda não poderiam se defender contra o tipo de ataque que abateu o voo MH17.
O fato é que ainda não há uma solução única para o problema – e as medidas por ora existentes apontam falhas e são extremamente caras. Infelizmente, a maneira mais assertiva de manter os aviões civis seguros ainda é ficar bem longe das regiões de conflito.
Imagens Reprodução
Via Gizmodo