Jacques Charles e os irmãos Montgolfier: os precursores do voo mais leve do que o ar

Em 1783, os irmãos franceses Joseph e Étinne Montgolfier, filhos de Pierre Montgolfier – proprietário de uma fábrica de papel em Viladon-Les-Annonay, no sul de Lyon -, deram o “passo inicial” para a concretização do voo mais leve que o ar. Joseph constatou, após uma série de experiências realizadas entre 1782 e 1783, que o calor de 180ºC tornava o ar rarefeito e o fazia ocupar um espaço duplamente superior ao que ocupava antes de ser aquecido. Ou seja, que esse calor diminuía o peso do ar pela metade em relação ao espaço ocupado. A partir daí, começou a imaginar qual seria a forma e o material a ser usado na construção de um objeto que se elevasse no ar.

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Assim, no dia 5 de junho de 1783, na Praça de Viladon-Les-Annonay e com a presença de alguns camponeses, os Montgolfier lançaram aos céus um balão esférico feito de tecido e papel, costurado com barbante. De circunferência de 36m e 622m³ de ar, o balão levava em sua base uma cesta armada com madeira, medindo 5m². Antes de ser lançado aos ares, a previsão para a contenção desse balão seria com a força de dois homens. Entretanto, foi necessária a força de oito homens, até que fosse dado o aviso para ser liberado e se elevar no ar. Solto das amarras, o balão teria voado durante dez minutos, numa distância em linha reta de 2500 metros. Em seguida, teria pousado suavemente, encantando a todos os presentes.

No mesmo ano, o físico francês Jacques Alexandre Cesar Charles, que já havia estudado as propriedades de ascensão do hidrogênio em laboratório e as dificuldades para manter esse gás enclausurado em um tecido poroso, construiu um balão com seda impermeabilizada e borracha – isso, com o apoio de verbas obtidas de um fundo criado para a exploração aeronáutica. Assim, no dia 27 de agosto de 1783, o físico lançou seu primeiro balão com hidrogênio em Paris, sob o olhar extasiado de uma multidão. O balão, medindo quatro metros de diâmetro e contendo 300m² de gás, se elevou no ar, desapareceu nas nuvens e reapareceu para, em seguida, sumir de vez aos olhos das pessoas.

Um pouco mais tarde, com a expansão do hidrogênio provocada pela queda de pressão em altitude, o balão explodiu no ar e seus restos vieram ao solo. O estrondo da explosão provocou horror nos camponeses do interior do país. Apavorados com todos aqueles objetos desconhecidos, a multidão atacou os destroços com pedras e instrumentos usados na lavoura. Ao final, arrastaram o que sobrou em cordas puxadas por cavalos. Quando essas notícias chegaram a Paris, os responsáveis pelo lançamento ainda tentaram encontrar os restos do balão, mas já era tarde, pois os fragmentos haviam sumido.

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Já em 19 de setembro, Étienne Montgolfier fez demonstrações com o seu balão para a Academia Francesa de Ciências, em Versalhes, na presença de Luís XVI, fazendo flutuar no ar uma ovelha e alguns pombos, os quais foram colocados em uma jaula amarrada ao cesto do balão. Os alicerces em direção ao primeiro voo transportando pessoas da história, que ocorreria apenas um mês após, estavam lançados.

Fonte: História Geral da Aeronáutica Brasileira, 1998.

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