O Boeing 707 que voa a mais de 50 anos

Há mais de 15 anos, o Boeing 707-138B (s/n 17702), matrícula 9Q-CLK, tomou o rumo da República Democrática do Congo para atuar como aeronave presidencial. Além de ser um dos raros exemplares ainda em operação (de que se tem notícia , restam apenas 60 unidades), este avião pode se vangloriar de possuir outro status bastante especial: trata-se do jato comercial mais antigo em atividade no mundo!

boeingImagem: Reprodução Cavok

Com o seu “roll out” da fábrica datado de 24 de julho de 1959 e primeiro voo realizado em 08 de setembro do mesmo ano, o 9Q-CLK foi o 64º da linha de produção do 707. Tem, portanto, nada mais, nada menos, do que 54 anos de voo. Registrado como VH-EBG e recebendo o nome de batismo “City of Hobart”, o exemplar acumula um movimentado currículo até os dias atuais.

De 1959 a 1968, a aeronave operou pela australiana flag carrier Quantas, em voos de passageiros. Vendido para a British Eagle Airways, passou a ser utilizada em voos charter do Reino Unido para a Europa continental e Caribe. De lá, após a liquidação da empresa, se tornou parte da Laker Airways, em configuração única de 158 passageiros.

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boeing3Imagens: Reprodução Cavok

Já veterano, no final dos anos 1970, foi adquirido pela Charlotte Aircraft, sendo transformado em avião VIP do Xeique saudita Abdallah Baroom. Em 1987, foi vendido para a Skyways Aircraft Leasing e novamente, em 1990, o avião mudou de proprietário, dessa vez indo parar na First City Texas Houston.

Sua atual – e mais duradoura – relação começou em maio de 1998, quando foi vendido ao governo da República Democrática do Congo e registrado sob a matrícula 9Q-CLK. As duas últimas letras eram as iniciais de Laurent Kabila, então presidente do país. (Assassinado em 2001, o governante foi substituído por seu filho, Joseph Kabila, que está até hoje no poder.)

Para mantê-lo sempre em ordem, a tripulação técnica foi composta por ex-pilotos da companhia congolesa Hewa Bora Airways, que utilizou Boeing 707 até meados dos anos 2000. Em agosto de 2007, o ‘CLK passou por uma reforma do seu luxuoso interior.

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boeing6Imagens: Reprodução Cavok

Apesar destes investimentos, o futuro deste clássico não parece muito promissor. Em 2010, foi levado à cumprir uma longa estadia na Flórida, nos EUA, para uma grande revisão. Mas aparentemente, a falta de peças e pagamentos por parte do governo congolês fez com que a manutenção programada fosse parcialmente cumprida.

Depois de cerca de dois anos de reparos, o s/n 17702 realizou mais três voos de testes, entre o final de 2012 e início de 2013. No primeiro, um duto do ar-condicionado se rompeu e a aeronave começou a perder pressurização. A tripulação retornou para um pouso de emergência em Miami.

No segundo teste, efetuado em 15 de janeiro de 2013, o sistema anti-skid do freio das rodas falhou (um sistema semelhante ao ABS), levando ao estouro dos pneus no pouso. A terceira tentativa, em 22 de janeiro, acabou prematuramente, pois um dos motores entrou em pane e teve de ser cortado, obrigando o retorno ao aeroporto.

boeing8Imagem: Reprodução Cavok

Mas mesmo diante de tantos problemas, o jato foi levado de volta para casa. Pouco depois, a Federal Aviation Administration (FAA) autorizou um único voo de ferry para a África, onde desde o ano passado o cinquentão repousa, no pátio de aeroporto N’djili, em Kinshasa, na área reservada a aeronaves do governo.

Veja abaixo um vídeo feito à época, durante o táxi para decolagem:

Via Cavok

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