Na aviação, nem sempre o céu é azul. As dificuldades e o perigo de voar com pouca ou nenhuma visibilidade foram, durante as primeiras décadas – desde os tempos de Santos Dumont – fatores que inibiram o desenvolvimento da aviação. E justamente eles que determinavam uma expressiva parcela dos motivos que conduziam o piloto a um acidente fatal.
Ao perder a visibilidade dentro de uma nuvem ou nevoeiro, o piloto tende a executar movimentos nos comandos para tentar manter o voo nivelado, fazendo correções de inclinações laterais, referido no seu senso natural de equilíbrio. A falta do horizonte, contudo, resulta na perda de referências para o voo e, desorientado, o piloto inicia um movimento de rotação lateral, executando um rolamento da aeronave que o conduz a um voo de “cabeça para baixo” como explicamos melhor neste post aqui: http://goo.gl/Yuahcw
Sem perceber que está voando de dorso, o piloto tende a puxar para si o manche da aeronave, uma manobra normal de subida, mas, por estar “ao contrário”, os comandos tornam-se invertidos, definindo uma trajetória fatal – o próprio solo. Somente em 1929, o “voo cego” ou por instrumentos seria realizado pela primeira vez. Antes, na Primeira Guerra, as condições de “voo cego” já haviam sido enfrentadas pelos pilotos, mas a inexistência de equipamentos adequados só aumentava as estatísticas de acidentes.
Altímetro e horizonte artificial – mais segurança para os pilotos
O pioneiro que possibilitou o histórico salto da aviação para condições de voos por instrumentos, garantindo mais segurança, foi o já famoso piloto de testes e vencedor de provas de velocidade aérea, James H. Doolittle. O aeronauta fez a diferença quando usou um altímetro vinte vezes melhor do que os usados na época e um recém-criado ‘horizonte artificial’ – instrumento que combina uma barra representando o horizonte com outra sugerindo a figura de um avião. (Saiba mais aqui). Os dois instrumentos juntos ajudam na visualização, mesmo com tempo ruim, possibilitando aos pilotos perceber se a aeronave está voando inclinada para os lados e se está subindo ou descendo.
James H. Doolittle, o primeiro homem a voar por instrumentos
Doolittle taxiou e decolou de uma pista orientado somente por sinais de rádio no seu painel de controle, com os para-brisas do avião completamente cobertos, sem visualização externa, e voou durante 15 minutos, percorrendo 24 km, retornando e pousando na pista de partida sem ter visto qualquer imagem fora da cabine do seu avião. Ao seu lado, como medida de segurança, estava outro piloto com visão normal do voo e que a tudo assistia e acompanhava sem tocar nos comandos da aeronave. O teste foi considerado um formidável sucesso. Era o começo da era do voo por instrumentos.
Anos depois, em plena Segunda Guerra Mundial, Doolittle realizou mais um feito histórico. Ele seria o comandante de uma Esquadrilha de bombardeiros americanos que, decolando de um porta-aviões no Oceano Pacífico – fato inédito para o tipo de aeronave – executaria o primeiro bombardeio aéreo ao Japão, em represália ao ataque sofrido em Pearl Harbor.
E aí, ficou surpreso com tantas curiosidades? No seu próximo voo por instrumentos não se esqueça de agradecer ao Sr. Doolittle por conseguir enxergar mesmo estando entre muitas nuvens!
Fonte: Texto adaptado History