“Avião arremete após tentativa mal sucedida de pouso. Ninguém ficou ferido”. Certamente, você já viu ou ouviu uma manchete parecida ser divulgada em algum noticiário. E, se você não é piloto, também certamente ficou em dúvida a respeito da função deste procedimento, quase sempre questionado como um causador de acidentes.
Porém, diferente do que a maioria dos jornais costuma alardear, a arremetida é uma manobra que visa a segurança – e não um procedimento que potencializa o risco para um voo. É algo simples, como pousar e decolar, sem parar o avião, e sem sair da pista.
Imagem: Reprodução Techly
A arremetida não é uma situação usada em última instância: é um procedimento normal, para o qual os pilotos foram treinados e estão sempre preparados. Em geral, se decide não pousar e executar o procedimento em razão da aeronave não estar estabilizada ou porque não há referências visuais com a pista. Ou seja, para evitar um desastre é que os pilotos decidem arremeter.
Por ser algo tão natural para a tripulação, há quem brinque que um pouso nada mais é do que “uma arremetida que não deu certo”. Confira em vídeo um exemplo da tranquilidade da equipe na cabine de comando durante o procedimento:
É claro que, para os passageiros, ver um avião “subir de novo” é desconfortável. Pode se imaginar que está ocorrendo um problema que só foi percebido na hora de descer e que, caso fosse realizado o pouso, a aeronave poderia vir até a explodir!
Contudo, a arremetida ocorre por motivos bem menos dramáticos. O avião já está voando ele foi feito para voar – logo, não há motivo para “forçar” um pouso, se isso não é o mais correto. Melhor começar tudo de novo e garantir que todos cheguem com total segurança ao destino.
Em 2013, um fórum foi realizado pela Eurocontrol, pela Flight Safety Foundation e pela Associação das Empresas Aéreas Europeias para discutir especificamente a manobra de arremetida. A conclusão não foi nova, mas vale repetir: a arremetida “é uma fase normal do voo e os pilotos devem ser encorajados a arremeter quando as condições assim demandam”.