Pierre Clostermann, um brasileiro na Royal Air Force

Falecido em 2006, Pierre Henri Clostermann é até hoje lembrado como um dos maiores ases da aviação de caça francesa durante a Segunda Guerra Mundial. O que poucos sabem é que este herói era também um pouco brasileiro!

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Filho de franceses, mas nascido em 1921, em Curitiba, capital do Estado do Paraná, Pierre passou a infância no país e completou estudos no Brasil. Porém, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, foi aos EUA para cursar Engenharia Aeronáutica.

Em 1940, após a queda da França no conflito, abandonou os estudos na América e embarcou em missão para a Inglaterra, onde cursou uma escola de pilotos militares como voluntário pelos “Franceses Livres”, do icônico General Charles De Gaulle.

Graduado sargento-piloto, entrou para a Real Força Aérea Inglesa (RAF) fazendo parte da formação do esquadrão 341, unidade formada exclusivamente por aviadores franceses que ficou conhecida como “Grupo de Caça da Alsácia”.

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Em julho de 1943, Clostermann obteve suas primeiras vitórias, abatendo dois caças alemães Focke-Wulf FW-190 numa mesma missão. Porém, quis o destino que ele estivesse presente ao nebuloso episódio que levou à morte de seu líder, o lendário René Mouchotte, o primeiro não-britânico a comandar uma unidade da RAF.

Segundo sua própria narrativa, ele perdeu contato visual com Mouchotte, após este ter feito uma manobra muito radical, e se envolveu em combate individual com caças alemães, abatendo um deles. Mais tarde, pelo rádio, o líder comunicou estar sem cobertura, sob ataque inimigo. Mouchotte acabou sendo abatido e morto, enquanto Clostermann obtinha mais uma vitória.

Depois disso, acabou transferido do Grupo Alsácia para outro esquadrão da RAF, passando a voar junto com pilotos ingleses. Ele participou da fase final da guerra e, pilotando caças Supermarine Spitfire e Hawker Tempest, se estima que tenha abatido mais de 30 aviões alemães – sem contar aviões, tanques, viaturas militares e outros alvos destruídos em solo.

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Clostermann em seu Hawker Tempest V.  As cruzes sem o fundo preto representam aviões alemães provavelmente abatidos, mas ainda não homologados| Imagem: Reprodução

Ao final do conflito, ele comandava uma ala inteira da RAF, tendo a função e posto de wing-commander (tenente-coronel). Terminou integrado à Força Aérea Francesa como primeiro-tenente – uma “deferência especial“, pois sua formação era de apenas sargento ao ingressar na atividade aérea e ele não possuía o curso superior.

Por tantos feitos, recebeu do governo britânico a Distinguished Flying Cross (DFC), a mais alta condecoração aeronáutica inglesa, além de diversas outras homenagens, inclusive comendas americanas e francesas, como a Legião de Honra, e mais tarde, a Ordem do Mérito Santos-Dumont, no Brasil.

p1-4Em julho de 1944, Pierre Clostermann sendo condecorado com a Distinguished Flying Cross (DFC) |  Imagem: Reprodução

Em 1948, ele colocou partes de seu diário de guerra num livro considerado pela crítica especializada como a melhor narrativa dos combates aéreos da Segunda Guerra: “Le Grand Cirque”, publicado no Brasil nos anos 1960 sob o título de “O Grande Circo”.

Também foi autor da obra “Fogo No Céu” (no original, “Feux du Ciel”), contando episódios baseados em atividades aéreas de outros pilotos, em diversas operações aéreas da Segunda Guerra.

Clostermann concluiu seu curso de Engenharia Aeronáutica e ainda voltou a voar anos depois pela Força Aérea Francesa na guerra contra a Argélia, o que lhe rendeu mais um livro. Além disso, teve sua patente de guerra finalmente reconhecida, sendo reformado como coronel.

Saiba mais sobre a vida e obra deste inspirador herói franco-brasileiro

Via Asteroide-Leonel

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