Se as aeronaves fossem medidas a partir das suas distâncias do solo, os helicópteros e àquelas aeronaves empregadas nas atividades de pulverização agrícola se classificariam como “muito próximas ao solo”. Estas aeronaves passam grande parte do tempo voando baixo e, por conseguinte, são cada vez mais suscetíveis a colidir com edificações, linhas elétricas e outros obstáculos.
Uma análise conduzida pela Equipe de Segurança de Voo para Helicópteros dos Estados Unidos revelou que cerca de 16% de todos os acidentes envolvendo helicópteros são atribuídos a colisões com obstáculos próximos ao solo ou fios elétricos. Além disso, 17% destes acidentes resultam em fatalidades. Esta realidade desastrosa levou a USHST a enfatizar ainda mais a importância da consciência dos pilotos de helicóptero sobre os perigos dos voos baixos.
Com exceção do espaço aéreo de Classe A, obstáculos naturais, linhas de transmissão e as edificações dos grandes centros estão presentes em todas as classes de espaço aéreo, de B a G. Estejam os pilotos em áreas controladas ou não controladas, eles precisam estar atentos porque os fios elétricos, por exemplo, não são detectados a olho nu. Poderia até dizer que eles espreitam nas sombras aguardando para apanhar as suas vítimas numa armadilha. Uma “colisão” com o fio elétrico e você está fora e isto poderia representar o “fim de jogo”.
Para evitar fatalidades cumprimentos das normas são fundamentais
O cumprimento das condições mínimas visuais às operações aéreas (VMC) estabelecidas pelo DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro) não isenta os pilotos de ir de encontro a fios elétricos e outros obstáculos. Lembre-se, condições mínimas são apenas mínimas. Deste modo, maximizar tempo e espaço para as ações de “ver-e-evitar” é uma estratégia importante para evitar estes riscos que são, muitas vezes, invisíveis. Às vezes, uma questão de segundos pode fazer a diferença entre escapar de um acidente ou evitar com segurança ser pego numa armadilha em uma colisão com estes obstáculos.
Muitos dispositivos de segurança instalados nos helicópteros podem contribuir para a consciência situacional e ajudar a evitar os fios elétricos. O Sistema de Proteção contra Colisão com Fios Elétricos, também conhecido como “cortador de fios elétricos”, tem provado ser um destes dispositivos mais confiáveis. Embora este sistema não previna a colisão com fios elétricos, cortar o perigo intruso pode salvar vidas. Alguns dos sistemas de detecção mais novos usam raios laser para alertar os pilotos do perigo potencial.
Cuidado ao pilotar aeronaves agrícolas garante a segurança dos voos
Os pilotos agrícolas de aeronaves de asa fixa constantemente operam em ambientes com fios elétricos, obstáculos naturais e, principalmente, o próprio terreno. Esses profissionais precisam focar cada segundo da sua atenção para assegurarem-se de que os seus trabalhos sejam cumpridos com segurança e eficiência. A distração mais leve pode colocá-los em uma situação crítica sem aviso prévio. Há um ditado conhecido na aviação que defende que “piloto em voo está sempre atento e com o pescoço mole”: ele deve ser capaz de manter os seus olhos bem abertos para todos os lados, garantindo a segurança de voo.
Atualmente, escolas de aviação e aeroclubes cada vez mais adotam cursos, afora os acrobáticos, de manobras de confiança. Durante o treinamento básico, os pilotos de helicóptero e agrícolas aprendem sobre a importância de conduzir o reconhecimento alto e baixo antes de conduzir missões em baixa altitude. O conhecimento prévio das áreas cobertas por suas atividades através de modernos aplicativos de geo-referenciamento, aviônicos de última geração e demais documentos disponíveis pelas autoridades aeronáuticas minimizam também as chances de erros de julgamento por parte do piloto.
Então você já sabe, quando o assunto for segurança em voo, lançar mão destes recursos poderá constituir a diferença entre morrer precocemente ou viver para contar. Bons voos, bons ventos e bons pousos!
Fonte: adaptado PilotoPolicial
Imagens: Reprodução
