Um bate-papo com André Wolf, recordista sul-americano de Asa delta

Via Go Outside

Em fevereiro de 2013, o gaúcho André Wolf estabeleceu um novo recorde brasileiro e sul-americano ao atravessar a fronteira com a Argentina e pousar próximo à cidade de Mercedes, na província de Corrientes.

O piloto decolou  às 11 horas da manhã e voou por incríveis nove horas e 30 minutos, percorrendo 495 km em linha reta, entre os pampas gaúchos e a fronteira de nossos “hermanos”.

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O recorde anterior também era dele: em 2007, André decolou de Quixadá, no Ceará, e voou por 455 quilômetros. Em entrevista à Go Outside online, André conta como foi planejar a aventura e fala de seus planos futuros.

GO OUTSIDE: Como foi bater seu próprio recorde?
ANDRÉ WOLF: 
Esse último voo foi muito interessante, porque voei com um aparelho localizador que se chama Spot – uma revolução, principalmente para quem quer acompanhar uma pessoa numa aventura dessas. Ele funciona via satélite, e a cada dez minutos emite um sinal para uma página da internet que cria um mapa baseado Google Maps. Então é possível acompanhar o voo inteiro. O pessoal acompanhou tudo online, e quando cheguei na Argentina o público já sabia do recorde – coisa que antes demorava um bom tempo. Isso ajuda a aproximar o público da minha modalidade.

GO: Como foi o treinamento para o salto recorde? Aconteceu alguma coisa fora do planejado?
AW: No começo de cada ano organizo uma planilha com etapas e campeonatos dos quais pretendo participar, sempre visando algo maior – no caso, o recorde sul-americano. Em 2012, meu treinamento está planejado visando a conquista do recorde mundial, além de chegar bem em janeiro de 2013 à Austrália para o Mundial. Tudo deu certo em meu último voo, e por sorte nada saiu do planejado.

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GO: Quais são os grandes riscos de ficar  tanto tempo no ar?
AW: 
Eu acredito que a fadiga muscular e mental. Isso pode prejudicar a segurança, principalmente para quem não se alimenta direito. Já vi pilotos que esquecem a comida e começam a ter tonturas, dor de cabeça e vertigem. É muito arriscado até para poder pousar. Asa delta é um esporte de risco que, às vezes, envolve acidentes. É um esporte radical, mas a gente minimiza tentando acertar todos os detalhes, principalmente antes da decolagem.

GO: Quais os principais cuidados para voos tão longos?
AW:
Uma preparação física e mental para aguentar tanto tempo no ar é essencial. Além disso, o cuidado com a alimentação, porque o desgaste no voo é muito grande. Água também é importante. Organização e bom treino também são itens fundamentais.

GO: De todos os voos dos quais você já participou, existe algum preferido?
AW: Quanto mais longe, melhor. Os campeonatos são diferentes dos voos em distância. Em competições, geralmente, os pilotos voam juntos, e a prova consome apenas umas 3 horas do dia. Já nos voos de recordes a decolagem rola cedo, e o vôo dura o dia inteiro. Gosto bastante desse tipo de desafio. Sem dúvida, o momento mais marcante foi um voo no Texas, em 2001, o mais longo que eu já fiz. Foram 10 horas e 40 minutos. Além disso, cheguei muito perto de bater um recorde mundial: percorri 642km, e o recorde atual é do austríaco Manfred Ruf, que ficou no ar por 700km.

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GO: Pode dizer quais seus planos futuros?
AW: O recorde que eu quero quebrar é o mundial. É um sonho, porque cheguei tão perto. Então pretendo tentar de novo em breve.

Imagens: Reprodução

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