Mês da Aviação: Entrevista exclusiva com o piloto Francis Barros

Francis Barros é gaúcho de Porto Alegre e tem mais de 8.500 horas de voo. Quando não está em competições, como a Red Bull Air Race, ele se dedica ao trabalho de instrutor acrobático e aéreo. Além disso, Barros também é capitão e instrutor da Airbus. Nas horas que não está focado no trabalho, você com certeza, o encontra a bordo de seu Sukhoi Su-31, treinando para se aperfeiçoar cada vez mais. Com tanta dedicação, o piloto, que tem 37 anos, está levando o nome do Brasil rumo ao topo do segmento de competições acrobáticas no cenário mundial.

Confira a entrevista exclusiva que fizemos com ele, falando do esporte, suas experiências e a paixão por voar!

H33 – A impressão que temos é que a profissão de piloto é como a de astronauta, a pessoa já nasce sabendo que quer voar. É isso mesmo? Quando teve início a sua paixão pela aviação?

Francis Barros – Meu caso realmente foi assim. Em minhas primeiras memórias, o avião foi algo que sempre me fascinou. Lembro a primeira vez que vi um Cockpit – eu era realmente muito pequeno. Mas acredito que esse formato de “aviador” era mais comum antigamente. Com a evolução da tecnologia e das aeronaves, pilotar se tornou algo mais acessível para todos, e com isso, naturalmente um número maior de pessoas tem se interessado pela aviação. Ou seja, o transporte aéreo se popularizou, mas com certeza não apagou o conceito daquele que é realmente um aviador nato: todo aquele que ama a arte de voar.

Francis Barros a bordo de seu Sukhoi Su-31, aeronave que usa nos treinos das competições acrobáticas.

H33 – Hoje você é o único piloto brasileiro a participar da Red Bull Air Race. Conta para a gente sobre essa experiência de se tornar um piloto de acrobacia aérea e qual a sensação de disputar campeonatos internacionais de alto nível?

Francis Barros – Me tornei piloto de acrobacia aérea, pois ingressei na aviação muito jovem, em um aeroclube que me proporcionou muitas coisas, entre elas me apresentou à acrobacia aérea. Portanto, o significado de voar não existe para mim sem a completa liberdade e compreensão dos três eixos de voo. Os campeonatos internacionais foram a consequência de um trabalho em busca de aprimoramento. Considero que, aquilo que mais ganhei além de prêmios e posições, foi o conhecimento real sobre o esporte, sobre aviação e uma evolução que só obtém aquele que está competindo e que busca, acima de tudo, a perfeição.

H33 – Como está o cenário atual da acrobacia aérea, há investimentos para a prática do esporte? Como você vê a evolução do segmento daqui pra frente?

Francis Barros – Nos últimos anos tivemos um excelente desenvolvimento do esporte em função de uma estabilização da economia. Com a crise atual, acredito que haverá uma desaceleração natural. Porém, creio estarmos com uma base mais sólida e com um número maior de praticantes sob uma regulação mais ajustada e favorável a atividade. Portanto, imagino que continuaremos a crescer e a evoluir, porém em um ritmo mais lento.

H33 – Por onde começa a escolha da aeronave para a execução das suas acrobacias? Quais fatores que influenciam?

Francis Barros – A escolha da aeronave começa com a seguinte pergunta: “Qual é o meu objetivo na acrobacia aérea?” Cada aeronave é desenhada para uma determinada atividade. A acrobacia pode ser recreacional, de competição, de treinamento e de show aéreo. Ou seja, em função da resposta, deve-se começar a selecionar as aeronaves. Depois, obviamente, fatores como disponibilidade financeira, facilidade de manutenção e de hangaragem, treinamento, disponibilidade no mercado, entre outros, farão cada um decidir qual será o seu “Par Perfeito”.

H33 – A acrobacia aérea é a sua paixão. O que dizer para quem sonha seguir seus passos e viver a adrenalina desse esporte como profissão?

Francis Barros – Não desista dos seus sonhos. Por mais impossíveis que pareçam, elabore uma estratégia e com disciplina e foco trabalhe para cumpri-la. Cedo ou tarde seus sonhos se tornarão realidade.

Um bate papo muito inspirador para todos que carregam a paixão pela aviação no peito, não é mesmo? Veja também a entrevista que Francis Barros concedeu enquanto se preparava para a segunda etapa da Red Bull Air Race.