Entenda a ciência usada nas janelas dos aviões

As descobertas da engenharia aeroespacial têm continuamente simplificado e melhorado a aerodinâmica das máquinas que nos presenteiam com o milagre do voo. Mas, como é de se imaginar, muitos avanços não dependeram da criação de motores revolucionários, nem de brilhantes equipamentos tecnológicos.

Muitos ajustes sutis, em detalhes corriqueiros, também fizeram toda diferença para o sucesso da indústria.

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Uma dessas simples e curiosas contribuições está presente na janela de aviões e helicópteros. Não foi sempre assim, mas hoje é fácil notar que elas têm perfis arredondados, diferente do formato habitual visto em prédios, casas e carros. Isto porque os cantos retos já custaram muitas vidas humanas ao longo da história.

Quando o jato comercial ganhou destaque na década de 1950, sendo capaz de voar a grandes velocidades e altitudes mais elevadas do que nunca, jornais mundo afora noticiaram inexplicáveis tragédias, no qual os aviões literalmente se desintegraram no ar após a decolagem. Sérias investigações aplicadas em dois acidentes encontraram a causa, que parecia surreal: o motivo eram as janelas quadradas.

Conforme comprovado em estudos, os cantos retos são pontos fracos nas aeronaves, concentrando o estresse dos materiais que se encontram enfraquecidos pela pressão do ar. Quando submetido à repetida pressurização, os quatro cantos de uma janela quadrada significam desastre total.

Janelas curvas, por outro lado, não têm ponto focal e distribuem esse estresse, reduzindo a probabilidade de fissuras ou rupturas. Formatos circulares são também mais fortes e resistem melhor à deformação, podendo assim permanecer intactos a diferenças extremas de pressão entre o interior e o exterior da aeronave.

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E por falar em diferenças de pressão, já notou durante o voo que as janelas têm um buraquinho? Este é outro detalhe – na verdade, um truque – que serve para ajudar na regulagem da pressão em altitude.

Para entender como funciona, é preciso entender que a maioria das janelas é formada por três camadas, todas feitas de uma resina sintética super resistente: painel exterior, médio e interno. Normalmente, é o painel central que apresenta o pequeno buraco.

Vale dizer que os painéis exterior e médio são estruturais, enquanto o interior funciona como uma “segurança” extra, que serve para proteger as outras camadas. Ele está lá apenas para manter a pressão da cabine, no caso extremamente raro de que os outros painéis sejam danificados.

Viajando a 35 mil pés (10.600 metros), a pressão sobre o corpo humano é de cerca de 1,5 kg por polegada quadrada. Trata-se de uma condição muito baixa para preservar alguém consciente, de modo que é necessário manter artificialmente a pressão da aeronave a cerca de 3,5 kg por polegada quadrada.

Mas é claro que, ao aumentar a pressão de dentro, a estrutura tem de ser forte o suficiente para manter a diferença entre a pressão externa e a pressão interna. Assim, o pequeno buraco está lá para agir como uma válvula reparadora, permitindo que a pressão entre o ar na cabine de passageiros e o ar entre os painéis exteriores e médios se equilibrem.

Como o painel exterior é o mais grosso e é a camada primária a exercer a pressão sobre a cabine, simplesmente, o buraquinho garante que apenas o painel exterior cause pressão, deixando o painel do meio funcional e à disposição para o caso de uma emergência.

Imagens: Reprodução | Via Travel and Leisure e IFLScience

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