Bartolomeu Lourenço de Gusmão, o “Padre Voador”

O padre jesuíta Bartolomeu Lourenço de Gusmão nasceu em 1685, em Santos, São Paulo, na época em que o Brasil ainda era colônia de Portugal. Em 1709, apoiado nos conhecimentos de física e matemática, ciências que estudara em Coimbra, encaminha uma petição ao rei D. Pedro V, anunciando que havia descoberto um instrumento para se andar pelo ar da mesma sorte que pela terra e pelo mar”.

No projeto apresentado a D. Pedro V, Bartolomeu previa a criação de um instrumento capaz de enviar mensagens a territórios distantes, transportar produtos ultramarinos, socorrer praças sitiadas, descobrir regiões próximas aos polos e resolver os problemas das longitudes. Em 17 de abril de 1709, D. Pedro V concede a Bartolomeu o privilégio de exclusividade, requerido para o seu instrumento. Contando com o apoio do rei, ele se concentraria na sua obra.

No dia 5 de agosto de 1709, na sala do Paço e na presença do rei, ele faz a primeira apresentação do seu invento, tentando fazer subir um globo de papel que tinha uma pequena abertura em sua base, por onde ardia uma pequena chama dentro de uma barquinha. O balão incendiou e frustrou a todos os presentes. Em seguida, no dia 8 de agosto, Bartolomeu apresentou pela segunda vez a sua experiência. Desta vez, o local escolhido era a sala dos embaixadores na Casa da Índia, onde se encontravam D. Pedro V, a rainha, o Núncio Apostólico, o cardeal Conti (futuro Papa Inocêncio XIII), o corpo diplomático e demais membros da Corte.

Novamente, o invento não teria sido um sucesso. Causando apreensão em dois serviçais que, temendo um incêndio, imediatamente destruíram o balão. Em 3 de outubro, Bartolomeu teria repetido o feito na Casa da Índia, e o balão teria se elevado e caído em seguida. Não se conhecem outras experiências de Bartolomeu com balões, além das apresentadas na Casa da Índia. A ausência de novas demonstrações e a descontinuidade das experiências suscitou dúvida e comentários que desagradaram a Bartolomeu, mas não o impediram de entrar para a história como o “padre voador”.

Segundo alguns historiadores, a gravura apócrifa, denominada “Passarola” teria sido feita para ridicularizar as experiências de Bartolomeu de Gusmão com balões. Outros historiadores dizem que teria sido o próprio Bartolomeu que a teria produzido como um artifício dirigido aos seus detratores – uma versão bastante inverossímil do fato. A história nos conta, contudo, que setenta anos depois da experiência de Bartolomeu de Gusmão, os irmãos Montgolfier, usando basicamente os mesmos princípios do “padre voador”, apresentam o seu primeiro balão na França.

Fonte: História Geral da Aeronáutica Brasileira, 1998.

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