Condições de voos no início da aviação – Desafios e Superação

Até meados da década de 30 do século passado, as condições extremas que os pilotos tinham de lidar em suas façanhas aéreas faziam destes um grupo distinto de seres humanos extraordinários, admirados por onde quer que pousassem suas “asas”. E não era para menos. Voando em máquinas aéreas com instrumentos rudimentares, sem cartas aeronáuticas ou bússolas confiáveis, eles cruzavam montanhas, planícies e desertos, vencendo grandes extensões territoriais despovoadas, tendo como orientação uma estrada, ponte, torre de igreja, rio ou um quase despercebido ponto natural no solo que lhes indicava estarem no rumo desejado, ou não. Se a noite os alcançasse em pleno voo, o que era comum, faróis e até mesmo fogueiras eram acesas ao lado das pistas de pouso para sinalizarem o local de aterragem.

Independente do território em que atuavam – no Brasil ou em outros países com grandes extensões territoriais e acessos impensáveis devido às suas distantes localidades – os problemas que se apresentavam às primeiras companhias aéreas ou então aos bravos pilotos postais tinham, frequentemente, uma faceta comum: a falta de apoio à navegação.

Desafios ainda são considerados recentes

Do ponto de vista histórico,  esses desafios ainda são muito recentes. Imagine que, há menos de 100 anos atrás, bravos pilotos brasileiros voavam sobre rotas em que os pilotos tinham que marcar o curso pintando duas letras sobre os telhados das estações de trem e, ao fim da estrada de ferro, continuar a sinalização sobre as casas?!

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Tempos difíceis para a navegação aérea

Nos Estados Unidos, os voos eram realizados seguindo uma linha de faróis instalados no solo. Consistiam em construções metálicas com 15 metros de altura, equipados com lâmpadas giratórias e espelhos, alimentados por energia elétrica ou, em áreas remotas, por gás acetileno. A sua instalação em picos de montanhas, áreas alagadas e desertas, exigiam enorme sacrifício de engenheiros e equipes de construção. Colocados a cada trecho de 16 km da linha, estes auxílios à navegação eram avistados pelos pilotos em toda a rota, mas apenas em noites de céu claro.

Em 1933, as rotas aéreas iluminadas nos EUA se expandiam por pouco mais de 28.800 km. Pressionados por bruscas mudanças meteorológicas que dificultavam ou impediam o prosseguimento do voo e, não raro, exigiam um pouso forçado, muitos daqueles heróicos profissionais tiveram suas vidas acabadas em acidentes resultantes de choques contra o solo, especialmente montanhas, ou em virtude de aterragens em locais impróprios para a descida de um avião.

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O legado deixado pelos bravos heróis

Desde os primórdios e até hoje, o fascínio e a emoção de voar é um verdadeiro “evangelho” que converte milhões de pessoas em todo o mundo. Temos que lembrar que foi graças a poucos, que inclusive pagaram com suas vidas, que hoje é possível voar com segurança e desfrutar dos frutos deste magnífico trabalho. Por isso, cada piloto, comandante e aeronauta traz em suas veias a responsabilidade de voar com segurança, dedicação e paixão. Parabéns, bravos do passado, por permitem que os bravos de hoje continuem o legado dos seus heróis.

Fonte: adaptado. Informações técnicas: UNISUL, História da Aviação. Palhoça, 2012.

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