Seu nome deriva do gigante da mitologia grega “Anteu”, filho do deus Poseidon e da deusa Gaia. E o título é merecido: desenhado na década de 1960, este avião de proporções titânicas foi feito pelos soviéticos para o transporte estratégico de cargas pesadas. Ainda hoje, o Antonov An-22 Antei é o maior turbo-hélice do mundo.
Imagem: Reprodução Airliners.net
Durante o período da Guerra Fria, a ex-URSS, como um dos maiores exércitos do mundo, tinha grande uma demanda no transporte aéreo de máquinas, homens e suprimentos. Em 1960, a sua indústria aeronáutica recebeu uma ordem do governo russo para a criação de um novo modelo de carga, capaz de transportar mísseis balísticos intercontinentais.
O desenvolvimento foi entregue nas mãos do bureau ucraniano Antonov, especialista em aviões de grande parte, e o projeto do que se tornaria o An-22 teve tão logo início em 1961. Por sua vez, o voo inaugural do primeiro protótipo aconteceu em 1965, durante o Paris Air Show.
A demonstração permitiu ao mundo “ocidental” conferir em primeira mão em qual nível estava o então poderio aeronáutico soviético. À época, o Antei assumiu o posto de maior avião do mundo, o que realmente impressionou o público do evento e lhe rendeu muitas considerações de especialistas.
O principal atributo da aeronave era sua capacidade de decolar e pousar em solo instável. Para isso, lhe foi atribuído o recurso de um trem de pouso com 12 rodas, seis para cada lado a partir do meio da fuselagem. Cada roda dos chassis era controlada separadamente e, como resultado, o An-22 podia operar a partir de aeródromos totalmente irregulares.
Imagem: Reprodução Military Today
Quanto ao design, o An-22 teve o visual claramente influenciado pelo An-12. Ele pode ser considerado como uma versão aumentada do modelo: as dimensões incluíram um comprimento fenomenal de 57,9 m, uma envergadura de 64,04 m e altura de 12,53 m. A fuselagem, em formato tubular e mais achatado, garantiu uma largura apropriada ao volume interno exigido para o seu papel de transporte.
O chão foi reforçado e construído com liga de titânio, sendo ainda disponíveis dois guinchos para permitir o manuseio da carga. Como à época não estava disponível tecnologia para permitir a pressurização completa, apenas a parte frontal da cabine foi pressurizada, com capacidade para acomodar cerca de 30 passageiros.
Ao longo de sua trajetória, entre as tarefas atribuídas ao An-22 esteve a de transportar as asas dos An-124, seu sucessor. Além de cargas militares, foi utilizado para transportar equipamentos agrícolas e cargas humanitárias, levando esperança a locais como Peru e Índia.
Também foi usado ativamente no Afeganistão para o transporte de tropas, veículos de combate e suprimentos, bem como durante outros conflitos militares. Mesmo após o colapso da ex-URSS, vários An-22 continuaram a serviço de companhias aéreas privadas de transporte de carga, durante os anos 1990.
Imagem: Reprodução Airliners.net
Porém, tem-se o registro que, das 68 aeronaves construídas entre 1965 e 1975 (duas nunca voaram), somente 19 unidades foram preservadas. Outras 33 foram retiradas de serviço por completo, por conta das dificuldades de manutenção.
Também sete aviões foram perdidos em acidentes – um dos últimos Antonov An-22 se acidentou no Brasil, em 1999, no aeroporto de Guararapes, em Recife (PE).
Atualmente, sete exemplares ainda estão na ativa. Destes, seis são utilizados pela Força Aérea da Rússia e um pertence ao departamento do projeto Antonov, disponível apenas para atender situações civis.
Imagem: Reprodução Military Today
Conheça a sua Ficha Técnica:
Entrou em serviço: 1969
Tripulação: 5-6 homens
Comprimento: 57,9 m
Envergadura: 64,04 m
Altura: 12,05 m
Peso (vazio): 115 t
Peso (máximo de decolagem): 250 t
Carga útil máxima: 80 t
Carga padrão: 50 t
Motores: 4 x turboélices Kuznetsov NK-12MA
Potência do motor: 4 x 15 000 CV
Velocidade máxima: 740 km/h
Teto de serviço: 8 km
Tropas: 290 homens e 150 pára-quedistas
