A cartografia aeronáutica abrange o conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas que, a partir dos resultados das observações diretas ou da exploração de documentações, visa a elaboração ou a utilização de mapas. Reúne as atividades que vão desde o levantamento de campo ou pesquisa bibliográfica, até a impressão definitiva e a publicação do mapa elaborado.
O Brasil adota as normas e padrões recomendados para a cartografia aeronáutica pelos estados signatários da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). O espaço territorial brasileiro é hoje representado pela cartografia sistemática, por meio de cartas elaboradas, seletiva e progressivamente, consoante as prioridades conjunturais e segundo os padrões cartográficos terrestre, náutico e aeronáutico.
A Cartografia Sistemática Aeronáutica utiliza as cartas sistemáticas terrestres e tem por finalidade a representação da área nacional, através de séries de cartas aeronáuticas padronizadas, destinadas ao uso da navegação aérea, que correspondem às escalas de 1:1.000.000, 1:500.000 e 1:250.000.
Mapas
Todo mapa é a representação de uma superfície terrestre, ou seja, de uma superfície curva. A confecção de uma carta – um mapa com informações específicas – exige, antes de tudo, o estabelecimento de um método, de maneira que, a cada ponto da superfície da Terra, corresponda um ponto da carta e vice-versa.
Diversos métodos podem ser empregados para se obter essa correspondência de pontos, que constitui os chamados “sistemas de projeções”. Para que cada ponto da superfície da Terra possa ser localizado no mapa, foi criado um sistema de linhas imaginárias chamado de “Sistema de Coordenadas Geográficas”. A coordenada geográfica de um determinado ponto da superfície da Terra é obtida pela intersecção de um meridiano (longitude) e um paralelo (latitude).
O problema básico das projeções cartográficas é a representação de uma superfície curva em um plano. Em termos práticos, o problema consiste em se representar a Terra em um plano. A tecnologia moderna, porém, tem tornado disponíveis técnicas e equipamentos cada vez mais avançados para os processos de coleta, análise e apresentação de dados informativos.
Cartas de Navegação
O Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA) desenvolve duas importantes cartas de navegação: as Cartas de Navegação Visual (Cartas VFR – Visual Flight Rules) e as Cartas de Navegação por Instrumentos (Cartas IFR – Instrument Flight Rules).
Cadastro Aeroportuário
Dá-se o nome de cadastro aeroportuário ao conhecimento de toda a infraestrutura aeroportuária que é utilizada pela aviação de uma forma permanente. O mapeamento detalhado das terminais, com a localização das pistas, dos pátios e dos equipamentos instalados nas áreas circunvizinhas, faz parte do “Cadastro Técnico Multifinalitário” – documento necessário aos órgãos gestores municipais.
Esta é a fonte principal de dados para a elaboração de diversos tipos de cartas aeronáuticas, tais como Cartas de Aeródromo, Cartas de Estacionamento, Cartas Topográficas de Aproximação de Precisão, entre outras, bem como para projetos de instalações, planos aeroportuários e muitas outras aplicações.
O conjunto de cartas que compõem este mapeamento especial denomina-se Programa Cartográfico Aeroportuário e de Proteção ao Voo (PROCAPV). A sua execução está baseada em aerofotogrametria, que torna possível a obtenção de produtos finais precisos e confiáveis. Esse programa consiste na produção de cartas, em escalas 1:2.000 e 1:10.000, através de levantamentos fotogramétricos nas escalas 1:8.000 e 1:30.000, respectivamente.
As áreas mapeadas no PROCAPV cobrem em cada aeroporto uma área média de 150 km². Esse é um programa de longo prazo e de atualização contínua, em face das constantes modernizações realizadas nos principais aeroportos brasileiros.
Levantamentos Topográficos e Geodésicos
Os levantamentos topográficos e geodésicos destinam-se a gerar dados necessários ao desenvolvimento das atividades cartográficas do ICA, além de apoiar outros setores, como o de Inspeção em Voo, Controle de Tráfego Aéreo, Meteorologia e os de Engenharia Eletrônica e Telecomunicações.
Os levantamentos topográficos contemplam apoio fotogramétrico às cartas cadastrais de aeródromos; levantamentos para confecção de cartas aeronáuticas; levantamentos para confecção de cartas de visibilidade; escolha de sítios para instalação de auxílios à navegação aérea; orientação de equipamentos, levantamentos de obstáculos e implantação de marcos geodésicos.
Zona de Proteção de Aeródromos (ZPA)
Para garantir o máximo de segurança às aeronaves em operação de voo, bem como devido à obrigatoriedade de se adotarem os preceitos previstos pela OACI, o Comando da Aeronáutica elaborou uma legislação especial para as áreas próximas aos aeródromos. A finalidade é evitar que a malha urbana avance desordenadamente em direção ao aeroporto, comprometendo a segurança das operações dos aeródromos e dos procedimentos para pouso, em suas vizinhanças.
Assim, as limitações dos obstáculos são estabelecidas pelo Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos (ZPA). Quando, no entanto, a aplicação do Plano Básico causar restrição à operação de um determinado aeródromo, é elaborado um Plano Específico de ZPA. Este plano descreve e estabelece as restrições impostas e é remetido às autoridades federais, estaduais e municipais, diretamente envolvidas, para que sejam atendidas as suas disposições.
Imagens: Reprodução
Via Departamento de Controle do Espaço Aéreo