Fazendeiro descobre frota de aviões enterrada desde a 2ª Guerra

Via Birmingham Mail

A qualidade do Supermarine Spitfire foi o resultado de uma combinação feliz de uma estrutura monocoque totalmente metálica com o excepcional motor Rolls-Royce “Merlin”, considerado o melhor de todos os tempos.

Além de incorporar os mais recentes avanços aeronáuticos da época, como hélice de passo ajustável, cabine fechada e outros, o “Spit” chamava a atenção pelas asas elípticas. Uma solução única para garantir altas velocidades em voo e resistência às manobras de elevado esforço estrutural, mesmo com as aberturas para suas oito metralhadoras e para o trem de pouso.

A primeira versão, MkI, entrou em operação em 1938 e, até o final da Segunda Guerra Mundial, foram fabricados 20 mil aviões Spitfire em mais de 20 versões. O Spitfire foi o avião de caça britânico mais famoso da Segunda Guerra Mundial e o único caça aliado que operou durante todo o conflito.

A sua fama se firmou na Batalha da Inglaterra, em combate contra o Messerschmitt Bf 109, a partir da blitz sobre as cidades britânicas.

spit1Imagem: Reprodução Friends of TFC

A fixação dos ingleses por esta aeronave histórica rende boas histórias até hoje. Entre elas está a do fazendeiro inglês David Cundall, aficionado por aviões, que passou os últimos 15 anos procurando um esquadrão de 20 Spitfires enterrados em algum lugar de Mianmar, situado entre a Índia e a Tailândia. Nesse período, ele investiu mais de 130 mil libras e viajou 12 vezes ao país asiático – até que, finalmente, encontrou os aviões.

Agora, os Spitfires voltarão para casa e serão reconstruídos para voar pela primeira vez.

Os 20 Spitfires chegaram ao país asiático – que na época se chamava Birmânia – para reforçar o avanço Aliado pelo território birmanês em batalhas contra o Japão. Mas, apenas duas semanas depois da chegada das aeronaves, os EUA deram um ponto final à guerra lançando suas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki.

Foi então que Lorde Louis Mountbatten, responsável pela missão estratégica no local, ordenou que os aviões fossem enterrados para impedir que forças estrangeiras os tomassem após o fim da guerra. Em algum momento de 1945 as aeronaves, recém-saídas da linha de montagem foram enceradas, envoltas em papel, tiveram suas partes móveis lubrificadas e foram enterradas a 1,5m de profundidade.

Os mapas e documentos sobre a localização se perderam ao longo dos anos e os aviões acabaram esquecidos.

davidImagem: Reprodução Birmingham Mail

No ano de 1996, Cundall soube através de um amigo sobre um grupo de veteranos americanos que trabalharam em uma enorme trincheira cavada para esconder aviões. Desde então, ele passou a buscar informações com testemunhas oculares, vasculhando arquivos históricos públicos e publicando anúncios em revistas especializadas.

Suas primeiras viagens a Mianmar tiveram problemas por razões políticas, visto que o país vivia um regime militar que só acabou em 2011. Por fim, ele encontrou um dos responsáveis pela demarcação do local onde os aviões foram enterrados e passou a alugar equipamentos para as escavações.

Porém, o mapa estava com as orientações manchadas de lama, fazendo-o fez perder muito tempo à procura dos aviões no lugar errado… e, inclusive, a uma profundidade errada!

Vale dizer que Cundall é apenas um fazendeiro, e não um milionário – o que explica o tempo gasto procurando os aviões. “Foram 15 anos, mas eu finalmente os encontrei”, disse o inglês ao jornal The Telegraph. “Spitfires são aviões lindos e não devem apodrecer em uma terra estrangeira. Eles salvaram nossas vidas na batalha da Grã-Bretanha e devem ser preservados”.

Ao saber da descoberta, o primeiro-ministro David Cameron ficou impressionado, e iniciou a negociação política para remover as aeronaves do território birmanês. A remoção custará 500 mil libras e será financiada pela Boultbee Flight Academy, uma academia de pilotagem de aviões que conserva algumas unidades do Spitfire. O governo britânico prometeu que não reivindicará as aeronaves ao descobridor.

spitImagem: Reprodução Sopwer

Dos 21 mil Spitfires construídos, restaram no mundo apenas 35 em condições de voo. Com sorte, em pouco tempo esse número subirá para 55, graças à busca apaixonada e incansável de Cundall!

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