Via G1
Após 15 anos de negociações, o Gripen, da sueca SAAB, foi anunciado pelo Governo Federal no ano passado como o vencedor do projeto FX-2 e passará a voar nos céus do Brasil a partir de 2018. A decisão ocorreu em virtude da aposentadoria, em 31 de dezembro de 2013, do avião mais potente que o país tinha até então: o Mirage 2000.
Ao todo, serão comprados 36 novos aviões, somando-se um investimento de R$ 10,8 bilhões. O Gripen concorreu com o F-18, da empresa americana Boeing, já usado pelos Estados Unidos nas guerras do Iraque e Afeganistão, e também com o Rafale, da francesa Dassault, experimentado pela França nas intervenções no Mali, na Líbia e na República Centro-Africana.
Imagem: Reprodução Notícias da Bahia
Apesar dos fatores negativos, o modelo sueco foi escolhido pelo Governo por conta de um menor custo de produção e manutenção e da transferência de tecnologia. Segundo o Ministério da Defesa, isso permitirá que o Brasil conheça e produza seu próprio caça e faça as modificações que quiser no Gripen, colocando nele armamento nacional e aprendendo como se faz o avião.
Foi o tenente-coronel Carlos Afonso de Araújo, piloto da Força Aérea Brasileira (FAB), o responsável pela missão de verificar a capacidade do modelo e fazer um relatório detalhado para a escolha. Em 2009, Afonso foi a Linköping, na Suécia, para testar por 10 horas o modelo D – uma versão anterior do NG (new generation), que o Brasil adquiriu. Antes disso, foram mais 6 horas em um simulador. No caso do F-18 e do Rafale, o desempenho foi avaliado por outros pilotos da FAB.
Imagem: Reprodução Acervo pessoal Carlos Afonso de Araújo
“Dizem que o Gripen NG é um conceito, porque o avião ainda será produzido. Eu digo exatamente o contrário: estamos saindo na frente. Ele está na vanguarda de desenvolvimento, não estamos correndo atrás de nada. Ele é a evolução de todas as capacidades”, afirma o tenente-coronel, que atualmente comanda em Canoas (RS) o Esquadrão Pampa da FAB, equipado com caças supersônicos F-5.
“Você pode perguntar a todos os pilotos de caça o que eles querem: é a sensação de dever cumprido. E isso eu tive com o Gripen”, destacou o oficial.
Segundo o tenente-coronel, o alcance de visão propiciado por diversos sensores e radares é o diferencial do caça: na cabine, a mais de 30 km do alvo, o piloto consegue ver na tela a aeronave que, por exemplo, deve abater. Adquirido por países sem tendência bélica, como República Tcheca, Hungria e África do Sul, o Gripen pousa em pistas mais simples e foi construído pela Suécia para que conseguisse fazer ataques a um alvo a até 700 km e retornar à base.
Imagem: Reprodução Acervo Pessoal Carlos Afonso de Araújo
“O Gripen é uma arma de guerra, com certeza. É um possibilidade de dissuasão muito grande. E de projeção de poder”, avalia Afonso. Entre os diferenciais do caça sueco que o oficial da FAB destaca, está a quantidade de informações, radares e sensores disponíveis ao piloto. O avião tem sensores de guerra eletrônica que, além de captar a presença de outros aviões, conseguem também identificá-los.
Outra tecnologia que chamou a atenção do tenente-coronel Afonso foi um radar com zoom que, mesmo a 10 mil metros de altitude, permite que o piloto veja, por exemplo, uma pessoa caminhando na rua ou um prédio que deva ser atacado, em caso de conflito.
“As empresas falam muito sobre a capacidade de armamento, mas o piloto de caça tem uma concepção diferente. O que deslumbra você é a eficiência e a eficácia. Não precisa ter muitas armas, mas é necessário precisão”, diz Afonso.
Ao contrário do F-5, que foi comprado na década de 1970 pelo Brasil, como um caça tático, e atinge em média 1,7 vez a velocidade do som (cerca de 2 mil k/h), o Gripen chega a mais de 2.450 km/h (2,2 vezes a velocidade do som). Segundo o tenente-coronel, o modelo sueco consegue atingir até 10 mil metros de altitude mantendo a velocidade alta.
Leia a matéria na íntegra: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2014/02/piloto-que-aprovou-gripen-para-brasil-diz-que-alcance-de-visao-e-diferencial.html
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