A Esquadrilha da Fumaça , um dos braços institucionais da Força Aérea Brasileira, já tem mais de 3.700 demonstrações realizadas no Brasil e outros 21 países. O Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) representa para milhares de pessoas a oportunidade de estabelecer contato, de maneira emocionante e inesquecível, com o universo da aviação. Em entrevista exclusiva, vamos conhecer melhor as atividades realizadas pela Esquadrilha da Fumaça e as curiosidades desse esquadrão que risca os céus do Brasil e do mundo com acrobacias aéreas de tirar o fôlego. Confira!

H33 – Quando surgiu e qual o objetivo e missão da Esquadrilha da Fumaça?

EF – A Esquadrilha da Fumaça originou-se pela iniciativa de jovens instrutores de voo da antiga Escola de Aeronáutica, sediada na cidade do Rio de Janeiro. Em suas horas de folga, os pilotos treinavam acrobacias em grupo, com o intuito de incentivar os cadetes a confiarem em suas aptidões e na segurança das aeronaves utilizadas na instrução, motivando-os para a pilotagem militar. Com as aeronaves NA T-6, eram executadas manobras de precisão como “loopings” e “tounneaux” com duas aeronaves. Posteriormente, após os comentários em terra, onde discutiam todos os detalhes, os aviadores passaram a voar com três aeronaves e, finalmente, com quatro. Em 14 de maio de 1952, foi realizada a primeira demonstração oficial do grupo. Após algumas apresentações, percebeu-se a necessidade de proporcionar ao público uma melhor visualização das manobras executadas. Com isso, em 1953, acrescentou-se aos NA T-6 um tanque de óleo exclusivo para a produção de fumaça. Nossa missão é realizar demonstrações aéreas a fim de difundir, em âmbito nacional e internacional, a imagem institucional da Força Aérea Brasileira.

H33 – Como funcionam as acrobacias aéreas e as curiosidades que envolvem esses espetáculos no céu?

EF – Toda apresentação conta com sete pilotos em sete aeronaves. Cada posição de voo tem uma função específica, e as manobras são realizadas ora com os sete aviões, ora com quatro, ora com três e ora com um avião, o Isolado. Um oitavo piloto fica em solo realizando a locução. As missões também podem contar com avião de apoio para o transporte de equipe e material. A demonstração tem duração de 35 minutos e contam com cerca de 50 acrobacias. Em uma demonstração aérea, antes da decolagem, os sete pilotos são acompanhados pelos mecânicos da área de manutenção e se apresentam para o Líder da Esquadrilha, marchando até os aviões e iniciando as ações necessárias para a partida das aeronaves. Após todos os procedimentos de segurança, é dado início ao show aéreo.

H33 – Para realizar as manobras, quais são as aeronaves utilizadas? Elas são exclusivas para esse tipo de atividade?

EF – Em julho de 2015, a Esquadrilha da Fumaça retomou sua agenda de demonstrações aéreas com as aeronaves A-29 Super Tucano, após dois anos de implantação operacional e logística. O Super Tucano é a quinta aeronave adotada na história da instituição. Fabricado pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), o avião já era empregado pela FAB, cumprindo missões de defesa aérea, treinamento avançado, ataque leve, escolta, patrulha aérea de combate e formação de líderes da aviação de caça. Ao serem adotadas pelo EDA, as aeronaves ganharam pintura com as cores vibrantes da Bandeira do Brasil, incentivando o sentimento de patriotismo e a admiração dos espectadores pela equipe brasileira em todo o mundo. Nesses 63 anos de história, a Esquadrilha se concretizou como um instrumento de comunicação social da FAB, com manobras arrojadas e algumas exclusivas que a fazem diferenciar das demais esquadrilhas do mundo, como o voo invertido em formação, nossa especialidade.

H33 – O que mudou com a troca do T-27 Tucano pelo A-29 Super Tucano na execução das manobras?

EF – A demonstração com o A-29 Super Tucano procurou seguir a sequência de manobras que eram realizadas com o avião anterior, o T-27 Tucano, fazendo as adequações necessárias devido ao fato da aeronave ser mais potente e apresentar maior capacidade operacional. Também voltamos a realizar duas manobras que não estavam mais sendo executadas pelo T-27: Lancevaque e Chumbóide. Outra novidade é a adoção da fumaça ecologicamente correta, baseada no conceito sustentável de não agredir o meio ambiente.

H33 – Durante toda a história da Esquadrilha da Fumaça, qual os feitos e eventos que marcaram? Quais prêmios mais representativos?

EF – A Esquadrilha da Fumaça já atingiu três recordes mundiais. No ano de 1996, a Esquadrilha batemos o recorde mundial, “Guinness World Records”, quando dez aeronaves, em voo invertido, percorreram três mil metros por 30 segundos, uma marca então inédita. No ano de seu cinquentenário, 2002, atingimos mais um recorde com o voo invertido de onze aviões. E em 2006, a marca foi batida novamente, com 12 aeronaves.

H33 – Quais as atribuições e exigências para entrar para a Esquadrilha da Fumaça?

EF – Para se candidatar a piloto do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), os profissionais precisam ter 1500 horas de voo, sendo 800 delas como instrutor da Academia da Força Aérea ou do 2º Esquadrão do 5º Grupo de Aviação (2º/5º GAv), também chamado de “Esquadrão Jocker”. Por meio de conselho operacional, são escolhidos os candidatos mais qualificados e que apresentam perfil mais compatível à missão da Esquadrilha da Fumaça.

H33 – O que a aviação representa na vida dos pilotos da Esquadrilha da Fumaça?

EF – O que representa depende de cada piloto. Mas na maioria dos casos, eles conheceram o trabalho da Força Aérea Brasileira por meio da Esquadrilha da Fumaça quando ainda eram crianças e assim começou o sonho de muitos deles, em fazer parte dessa equipe.

Gostou de saber um pouco mais sobre a história da Esquadrilha da Fumaça? Confira também a entrevista especial, em comemoração ao Mês da Aviação, com Ozires Silva – que liderou, em 1969, o grupo que promoveu a criação da Embraer. Clica aqui!

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