O surpreendente Cri-Cri, o menor bimotor do mundo

Já imaginou alguém construir um aeromodelo e voar dentro dele? Bom, considerando que existem aeromodelos maiores do que ele, o “Cri-cri” é um simpático avião que se passa mesmo por uma aeronave em escala, embora seja de verdade!

Conhecido por ser o menor bimotor do mundo, com envergadura de 4.90m e somente 72 kg de peso vazio, ele ainda tem uma velocidade de cruzeiro de 190 km/h e é capaz de executar todas as manobras acrobáticas que possuem força G positiva.

cri cri1

A ideia de contemplar algo tão simples e leve partiu do engenheiro aeronáutico francês Michel Colomban, um fã de aeronaves de pequeno porte, que desejava construir uma aeronave homebuild pequena e econômica, com desempenho acrobático.

Sua ideia inicial, nos anos 1950, era projetar um avião monoposto muito simples e leve (até 180 Kg), capaz de levar um piloto de 78 Kg de peso e 10 Kg de combustível, sendo equipado com um motor de 20 HP. Seus cálculos provaram que uma área de asa de quatro metros quadrados era viável.

Porém, somente no início dos anos 1970 Colomban chegou a um design definitivo. Os avanços tecnológicos da época permitiram vários melhoramentos em relação ao modelo imaginado. A nova aeronave incorporou aerofólios de perfil laminar avançados, de baixo arrasto, uso extensivo de composites e chapas de metal muito finas, o que permitiu uma drástica redução do peso.

O menor peso permitiu reduzir a área alar para apenas 3,1 metros quadrados. Assim, Colomban repensou o grupo motopropulsor e resolveu utilizar dois motores de motosserra Stihl, de 8 HP cada, ao invés de usar um único motor de 20 HP.

cri cri2

A construção do primeiro protótipo consumiu 1.500 horas de trabalho, entre 1971 e 1973, sendo que o avião apresentou o projeto final com peso vazio de apenas 63 Kg, 4,9 metros de envergadura e 3,9 metros de comprimento. Designado MC-10, voou pela primeira vez em 19 de julho de 1973, no aérodromo de Guyancourt, pilotado por Robert Bush.

Por sua graciosidade, Colomban decidiu batizar a sua nova aeronave de “Cri-cri”, diminutivo de “cricket”, apelido da sua filha.

Embora atraente pelo pequeno tamanho e baixo custo, o que mais chama a atenção no modelo é o seu espetacular desempenho acrobático.

A velocidade máxima em voo nivelado era de 125 MPH, e o avião pode rolar, graças à sua pequena envergadura, a 360 graus por segundo. Também pode executar qualquer outro tipo de manobra. Com motores de 15 HP, é capaz de subir 1.200 pés por minuto.

Como se trata de um homebuilder, se tornou bastante popular entre aviadores, recebendo várias modificações no seu projeto original, principalmente no que diz respeito à motorização. Estima-se que só na França foram construídos pelo menos 100 exemplares. Cerca de outros 30 estão nos Estados Unidos e há mais 20 espalhados pelo mundo, especialmente na Austrália, Canadá e Alemanha.

cri cri 3

cri cri 4

Porém, nem tudo era perfeito no Cri-cri. Sua relativamente alta velocidade de estol (42 MPH em power-off) e a alta sensibilidade de comandos tornam a aeronave inadequada para pilotos principiantes. Além disso, a autonomia era muito baixa, pela baixa capacidade do tanque, de somente seis galões americanos (que fica localizado logo abaixo das pernas do piloto).

No entanto, o seu mais recente modelo é um amigo da natureza. Desenvolvido em conjunto pela EADS Innovation Works, Aero Composites Saintonge e Green Cri-cri Association, o novo projeto trouxe uma aeronave movida por quatro motores elétricos brushless, que acionam duas hélices contra-rotativas cada par.

cri cri 5
O novo Cri-cri, comparado ao tamanho de um Boeing 747 

Assista em vídeo como é a sua performance nos céus:

Imagens: Reprodução
Via Cultura Aeronáutica

Deixe aqui sua opinião